terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Seringueiro

Chardival Pantoja

É o nome que se dá ao homem que trabalha na extração do leite da seringueira.


 
O Seringueiro surgiu em Belterra na década de 1930, quando foi implantado o colossal Projeto Ford, que era voltado exclusivamente ao plantio e exploração da borracha, o qual atingiu o espetacular número de três milhões e duzentas mil árvores plantadas em nosso solo.

Essa classe trabalhista era formada em sua maioria, por migrantes nordestinos, vindos do Maranhão, Ceará, Pernambuco, Alagoas e outros, a quem moradores locais chamaram de "arigó". Esse nome, por sua vez, era de uma espécie de ave da região nordestina e que, ao tempo da seca, arriba para outras paragens em busca de água. Daí, a semelhança que se fazia.

Arigó na Língua Portuguesa, significa indivíduo rústico. E arigó para ser seringueiro, além de rústico tinha que ser forte, a fim de encarar a pesada tarefa do cultivo da seringueira, que iniciava desde as cinco horas da manhã com o corte das árvores, limpeza das tigelinhas, coleta do sernambi, recolhimento do leite e, por fim, a roçagem das estradas, que era missão obrigatória para manter longe os animais peçonhentos e perigo de acidente no trabalho.

Ao iniciar os serviços, o seringueiro batia duas vezes com a borda da tigela na árvore anunciando que havia chegado no trabalho, através do "toc toc". Após terminar o corte, o seringueiro voltava ao início da estrada, fazia sua merenda e bebia água aguardando o apito da "corneta" do capataz para iniciar a coleta do leite produzido e fazer a entrega no posto de recebimento, onde era registrado o total do leite e o tipo de grau, assim como a quantidade do sernambi recolhido.

Os equipamentos do seringueiro eram: uma faca (específica para o corte), uma garrafa com amônia (produto químico colocado nas tigelas para evitar a coagulação e o apodrecimento do leite), um lenço de pano para a limpeza das tigelas, dois baldes de zinco galvanizado com capacidade para 10 ou 20 litros e um cambão (pequena peça de madeira de 1,30m com ganchos nas duas pontas para facilitar o transporte dos baldes de leite).

Na seringueira quando aparelhada com o corte, havia um gancho de arame adaptado para sustentar na árvore e servia de apoio para as tigelas, onde escorria o leite; uma pequena bica de zinco galvanizado, côncava, era enterrado no final do sistema de corte em sentido espiral, para facilitar o escorrer do leite da árvore para a tigela.

O Seringueiro vestia comumente calça de mescla, camisa de riscadas mangas compridas, sapatos ou sandálias de couro e chapéu de palha. Quando a chuva caía forte usava folha de bananeira para se proteger. Para enfrentar os serviços mais pesados de capina ou roçagem eles se reuniam em equipes de dois, quatro ou seis homens. Essas parcerias fortaleciam as amizades e os tornavam camaradas.

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