segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fordlândia e Belterra

 Fordlândia

 

Belterra
 
 
 
 
*Arquivo Pessoal Família Chagas.

Era uma vez um conto popular...

O FANTASMA DA SERRARIA
Por J. Barreto (acadêmico de jornalismo 2011 UNIFAP)

Durante o desmatamento que ocorreu em Belterra para dar lugar ao seringal, muitos trabalhadores morreram esmagados por grandes árvores, vitimas de acidentes que freqüentemente acontecem em trabalhos dessa natureza.
Contam que um desses acidentes fatais ocorreu quando estavam fazendo a derrubada de um trecho de mata na estrada cinco, quando um homem com sede ao aproximar-se da bilha para beber água foi atingido por uma enorme árvore que lhe tirou a vida. Assim, o pobre homem morreu com sede e provavelmente com fome, pois segundo dizem faltavam poucos minutos para o meio-dia, a hora do almoço.
Muitos anos se passaram até que uma noite o plantão de um vigilante da serraria que ficava localizada na estrada quatro, transcorria normalmente, tudo calmo, o plantonista desligou as lâmpadas, fez uma última inspeção e como estava tudo em ordem abaixou a chama do lampião, também conhecido por candeeiro, arrumou uma cadeira, sentou-se à vontade e logo o silencia da noite o induziu ao sono e adormeceu. Por volta de meia noite um rumor o despertou. Ainda meio sonolento observou a aproximação de um vulto que se esquivava pelas sobras. Logo o vigilante sentiu fortes arrepios e teve o corpo tomado por um estupor que o deixou paralisado. Ao aproximar-se o vulto falou:
- Meu amigo, era quase meio dia quando eu me dirigia para beber água e nesse exato momento uma enorme árvore caiu sobre mim, causando a minha morte. Nem cheguei a beber água. Morri com sede e com fome. Você me deixaria  beber água na torneira?
O vigilante com a voz trêmula e embargada pelo pânico respondeu:
- Pode beber à vontade.
Enquanto a pobre alma bebia água o vigilante lutava contra o medo que não o deixava se movimentar. Saciada a sede, a alma voltou até onde estava o vigilante, agradeceu e sumiu na noite.
Passado esse momento de torpor, percebeu que já podia se movimentar, o vigilante saiu em desabalada carreira até o posto fiscal mais próximo e lá passou o resto da noite. Na manhã seguinte dirigiu-se até o escritório central da Companhia e solicitou o seu desligamento. Nunca mais foi visto nas redondezas.

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