sábado, 15 de março de 2014

Colégio Santo Antonio de Pádua




O saudoso Colégio Santo Antonio completa 58 anos de fundação.



Sua história é repleta de momentos marcantes na vida dos alunos que estudaram na época em que era administrado pelas freiras. Atualmente, o colégio possui um anexo construído em alvenaria, ao lado da primeira construção, seguindo os padrões locais dos estabelecimentos de ensino público.

(Foto: Blog da Mônica)


O educandário foi fundado em 12 de março de 1956 pelos padres franciscanos, por intermédio de Frei Osmundo Menges, construído em homenagem ao santo padroeiro da cidade. A madeira utilizada na construção do Ginásio Normal é a mesma da antiga Capela de Santo Antonio. Durante muitos anos a escola esteve sob administração da Congregação das Irmãs do Preciosíssimo Sangue. A qualidade na educação e os padrões disciplinares impostos pelas freiras são lembrados e reconhecidos até hoje por terem contribuído na boa formação de seu alunado. 

O antigo prédio, patrimônio cultural da cidade, foi revitalizado pelos antigos alunos e demais interessados em preservar a história local.


(Fotos do Grupo Belterra/Facebook)
 
A Escola Municipalizada de Ensino Fundamental Santo Antonio é administrada pelo município e seu quadro profissional é composto por professores belterrenses graduados e especialistas em suas áreas de formação.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Belterra em estado de abandono (1989)



Jornal de Santarém, 30.01.1989.



Na última quarta-feira a reportagem do J.S. esteve na Base Física de Belterra, acompanhada dos vereadores Ivan Sadeck e Geraldo Pastana, ambos do PT, e do presidente da Câmara Municipal de Santarém, Alexandre Von (PDT). A equipe foi verificar “in loco” o completo estado de abandono em que se encontra a “Vila das Seringueiras”, segundo denúncias feitas aqueles vereadores e alguns órgãos de imprensa de Santarém.


Logo na chegada, na Estrada 7, foi possível verificar uma caixa d´água americana completamente inutilizada, devido o descaso por parte dos administradores da Base Física. Segundo alguns moradores daquele trecho, desde que a equipe de Henry Ford deixou o local que ela vem servindo apenas de enfeite, enquanto eles são obrigados a comprar água proveniente da Estrada 1 por 01 cruzado novo a “carrada”. Segundo Chardival Pantoja, que vem respondendo pela administração, o serviço de recuperação já foi feito, faltando apenas a instalação de uma bomba d´água, uma vez que a que a Prefeitura de Santarém havia “doado” durante a campanha eleitoral não tem capacidade para elevar suficientemente o líquido.


No entanto, o problema mais grave foi observado no hospital, onde existe grande número de leitos inutilizados encontrando-se em situação calamitosa. Segundo o médico Ivaldo Moraes Sousa, o único daquela localidade e diretor do referido hospital, a unidade hospitalar vem sendo mantida pelos próprios pacientes que precisam levar até o lençol que utilizarão, além de custearem até mesmo 10 centímetros de fio que possa ser utilizado, em caso de cirurgia ou alguns cortes.


[...]


Outra luta da direção do hospital diz respeito à aquisição de um veículo, uma vez que existem 3 funcionários com a função de motoristas que atuam como vigias, uma vez que não existe nenhuma viatura disponível para uso daquela unidade hospitalar. Atualmente, os serviços de atendimento de emergência domiciliares são feitas pela boa vontade do médico em uma bicicleta.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A visita do presidente Getúlio Vargas aos domínios da Empresa Ford

Trecho retirado do Jornal impresso “Correio Paulistano”, do dia 10 de outubro de 1940.


BELTERRA, 9 (A.N.) – O Sr. Presidente Getulio Vargas deixou o aeroporto de Belém, às 8 horas, em meio de um ambiente da mais alta vibração, tendo recebido nova e entusiástica manifestação, por parte das altas autoridades civis e militares e grande número de amigos que o foram cumprimentar. O Chefe da Nação tomou lugar a bordo do “Comodoro” juntamente com o general Edgard Facó, comandante da 8 região, ministro João Alberto, Sr. Luis Vergara, coronéis Benjamim Vargas e Jesuíno de Albuquerque, capitães Manuel dos Anjos e F. Mattos Vanique.

Dentro de poucos minutos, após rápida manobra de decolagem, a aeronave presidencial ganhava novos céus dentro da manhã rutilante de cores. Agora, o Sr. Presidente Getúlio Vargas desprendia-se do último centro urbano, onde ainda se fazia sentir a influência cosmopolita na sua natural posição de porto através do qual transitam estrangeiros que demandam ou precedem dos Estados Unidos. Entrava, assim, em plena civilização autóctone, demandando caminhos desconhecidos até agora, virgem dos actos e dos passos de qualquer Chefe de Estado. Mas o sacrifício do supremo mandatário da Nação, fazendo uma viagem duríssima e aproveitando todas as horas disponíveis nos pontos visitados, numa atividade sem descanso, recebia, agora, larga recompensa nesse verdadeiro baile nupcial da floresta sumptosas, em cujo seio palpita a riqueza nacional, tão alto fala ao seu espírito inteiramente devotado nos interesses superiores de sua pátria.


A sua viagem não permite um lento e minucioso contato com essas maravilhosas paragens da terra brasileira. Uma simples visão panorâmica, porém, permitia que o raciocínio do viajante se perdesse em conjecturas fantásticas sobre obras mais fantásticas, ainda que, apesar disso, não conseguiram nunca fugir à influencia do próprio meio que as inspiram.

Aqui as manifestações dos phenomenos de Flash Gordon não dariam, aos creadores do heroe, dificuldades ou trabalhos de imaginação. Bastaria que colocassem em letras de forma os desnorteantes caprichos da natureza. Daí não se estranhar que o fabuloso mundo amazônico tenha inspirado a Raul Bopp, o seu poema “Cobra Norato”, lenda cheia de beleza, de mysterio e de tragédia, de romance. Suponha o leitor, por exemplo, que curiosa symbiose representa o encontro de dois rios mantendo cada qual sua própria cor como sendo, no mesmo leito, um rio de azeite e um rio de vinagre. Pois sem mais nem menos é o que acontece entre o Tapajós e o Amazonas, fazendo-o recuar para a própria foz na altura de Santarém. O repórter teve cuidado de expor primeiro todas essas originalidades do cenário, porque o entrar no terreno dos fatos esta simples noticia poderia causar mais fundas impressões no espírito do leitor: - O Sr. Presidente Getulio Vargas assumiu, hoje, o comando do avião em que viaja. Logo após a partida de Gurupá, onde o “Comodoro”pousara para reabastecimento, o Chefe da Nação passou a pilotar a aeronave, conduzindo-a por centenas de kilometros e só abandonando a direção do aparelho minutos antes da amerissagem em Belterra.

O Sr. Presidente Getúlio Vargas não se cansa de surpreender, tanto a massa com a qual se identificou profundamente, como até aos seus próprios amigos. Ainda na véspera de deixar Belém, agradecendo a uma manifestação do operariado pronuncia, de improviso, um dos seus mais interessantes discursos, dirigindo-se ao caboclo amazônico, duas vezes maltratado, pelas endemias e pela falta de meios com que se defender da ganância dos ambiciosos. E o Presidente da República atacou a questão por dois lados objetivos: a distribuição da terra aos caboclos e o saneamento da região. E agora, de súbito, passa a mão na direção do hydro e assume o seu comando como quem quer ter, realmente, um visada perfeita sobre a região.

 
NAS TERRAS DA EMPRESA FORD

BELTERRA, 9 (A.N) – Desde uma hora da tarde de ontem, o Presidente Getúlio Vargas esteve, até a manhã de hoje, nas terras da empresa Ford, que constituem esta região. Aqui, as plantações de seringais contam cerca de dois milhões de pés racionalmente plantados numa área de um milhão e duzentos mil acres que sofre o trabalho ativo da pesquisa e da experimentação científica.

Belterra ou, melhor, a Bela Terra, pertence ao município de Santarém e é, verdadeiramente, um campo de experimentação e de cultura racional. Cerca de sete mil almas que vivem, inclusive nada menos de dois mil e quinhentos trabalhadores. Tem hospital, grupos escolares, cinema, outras diversões, luz própria e a água, mesmo a que serve aos viveiros, é filtrada.

O Presidente Getulio Vargas, vindo a Amazonia, desejou conhecer esse esforço industrial que faz inverter, na região de Belterra, grandes capitães americanos, como já se inverteu na Fordlândia, distante desta região cerca de doze horas de viagem em lancha.

As culturas dessa região estão divididas em quatro grandes centros, todos servidos de estrada de rodagem. Os operários possuem casa de esteira para melhorar os efeitos do calor. E um espetáculo interessante ver-se ao longo da avenida as casas dos trabalhadores cada uma com o seu jardim. Todos os recursos são dados aos operários, gratuitamente, pela companhia exploradora dos seringais que, explicando tal procedimento, salienta que o operário bem tratado e com conforto produz mais e melhor.

O Presidente Getulio Vargas, após o almoço, em companhia do Sr. Enri Bramnstein, representante da Companhia Ford e de sua comitiva, percorreu toda a cidade agro-comercial e os seus serviços sociais. O hospital, como de hábito, foi um dos pontos mais demoradamente examinados pelo Chefe de Governo, que conversou com vários enfermos, conformando-os com a sua presença e a sua palavra. Interessando-se pelo sistema de plantações, o Presidente Getulio Vargas colheu todos os detalhes do método adaptado. A plantação nativa produz apenas cinco por cento, ao passo que o aproveitamento da cultura racional é completo. O Presidente assistiu a duas interessantes demonstrações enxertia: a primeira de uma árvore, para que possa produzir mais e melhor e a segunda de folhas, para acaulear-as melhor do tempo e das moléstias.

O representante da Companhia Ford, reunindo no campo experimental todos os trabalhadores em manifestação no Chefe do Governo, fez-lhe uma saudação, em homenagem ao “primeiro Chefe do Estado do Brasil que, deixando suas comodidades, vem a região amazônica apreciar de perto as suas necessidades”.


A seguir, o Chefe do Governo inaugurou uma praça de esportes para os trabalhadores de Belterra, encerrando a sua visita.

Visitantes pelo mundo