sábado, 14 de setembro de 2024

História do Hino Oficial de Belterra

Em 2024, o Hino de Belterra completou 30 Anos.

LETRA DE CHARDIVAL MOURA PANTOJA

Chardys, natural de Belterra, poeta, escritor, editor, funcionário público aposentado, foi administrador das bases físicas de Belterra e Fordlandia, pelo Ministério da agricultura. Quando criança morou na Estrada 8 e, há muitos anos, reside com sua esposa na histórica Vila Mensalista. Hoje, aos 85 anos, ainda recebe visitantes em sua residência.

MÚSICA DE WILSON DIAS DA FONSECA

Mestre Isoca, natural de Santarém,  foi pianista, saxofonista, organista, multi-instrumentista, maestro, além de escritor, poeta, historiador, compositor e professor de música. Faleceu em 2002, aos 90 anos, na cidade de Belém do Pará, deixando um legado cultural inestimável.


A ideia de criar o Hino de Belterra foi sugerida durante a programação dos 60 Anos de fundação da vila, nas dependências do escritório da Base Física do Ministério da Agricultura, sob a presidência de João Moura Pantoja. A comissão organizadora das comemorações convidou o poeta Chardival Moura Pantoja para participar das reuniões com a proposta de criação da letra do hino a ser apresentado no dia do aniversário de Belterra. Foi um desafio grande para Chardys, devido ao pouco tempo de produção para um poema histórico.

Chardival Moura Pantoja (Kriz Knack Fotografia)

    Apesar de poucos dias para fazer um grande resumo poético, sua obra foi apresentada com muita expectativa e com a certeza de que todo esforço valeu a pena. A letra ficou pronta a tempo. A obra datilografada foi elogiada e admirada por todos que estavam presentes, e logo foi encaminhada para Santarém ao encontro do saudoso Maestro Wilson Dias da Fonseca, o Mestre Isoca, para que fosse criada a parte musical do hino. Segundo relatos da equipe, o Maestro recebeu com muito entusiasmo a tarefa de compor a melodia do Hino de Belterra, podendo dessa forma presentear o povo belterrense.

Maestro Wilson Dias da Fonseca ao piano em sua casa, no centro de Santarém-Pará (Arquivo da Família)

    Com essa grande novidade, a comissão organizadora do aniversário confeccionou o convite da "Festa do Sexagenário Aniversário da Fundação de Belterra", com a inédita apresentação da composição de Chardival Moura Pantoja e Maestro Wilson Fonseca no dia 04 de Maio de 1994.

    Em 01 de janeiro de 1997, na solenidade que desmembrou Belterra do município de Santarém (Emancipação), o hino foi executado pela primeira vez com a presença da Banda Prof. José Agostinho, no antigo salão Paroquial Santo Antonio. Por fim, no dia 12 de junho de 1998, o prefeito de Belterra Oti Santos sancionou a Lei Nº 21, tornando o Hino de Belterra como símbolo oficial do município, junto com a Bandeira e o Brasão.

Hino sendo executado pela primeira vez. (Arquivo Oti Santos)

    A letra é um verdadeiro poema de exaltação à bela terra. Ela fala da História, belezas naturais, da exuberância de suas florestas, da sua gente, praias e rios. Do heroísmo do seu povo, do interesse da nação americana, e traz uma mensagem de otimismo e esperança para o futuro.

HINO OFICIAL DE BELTERRA PARÁ
Letra: Chardival Moura Pantoja
Música: Maestro Wilson Fonseca


I
Bela terra tão cheia de glória
Namorada por outra nação
Foi assim que surgiste pra história
De conquistas, de luta e ambição
Em que o homem até hoje se aferra
Nesta luz de esplendor tão fugaz.
És Belterra, bendita Belterra!
Inspirada na crença da paz.

Refrão
Tua planície e o infinito confrontam
E eu contemplo a dizer aos olhos meus:
Céu e terra aqui mesmo se encontram
Num abraço do homem com Deus!

II
Natureza bem pródiga e bela
Solo fértil e homem viril
Bem fadada na tua aquarela
Colorindo a Amazônia, o Brasil
O ar puro que sopra na serra
E que dá ao teu filho o vigor
Deu-me o som deste canto, Belterra,
Inspirada na crença do amor.

III
Salutar é tua gente que ama
E que quer ver amado o país
É a força em verdade que emana
Construindo uma raça feliz.
Cada ação é a razão que encerra
Toda força de um povo que quer
Tua glória e grandeza, Belterra

Inspirada na crença e na fé!


HINO DE BELTERRA - INSTRUMENTAL E LEGENDADO

DIGITAÇÃO E REVISÃO: Vicente Fonseca (Belém-PA 03/08/2010) INSTRUMENTAL:     Requinta MIB, Clarinetes SIB,          Saxofone-alto MIB, Saxofone-tenor SIB,         Trompetes SIB, Trombone (canto), Trombones,          Sax-Horns MIB, Bombardino DÓ,          Contrabaixo MIB, Contrabaixo SIB,Caixa,         Bombo e Pratos.


Fonte de Pesquisa:

Livro "Belterra, a sua história" do jornalista Oti Santos.

Acervo da família Fonseca

Frank Pantoja

Acervo do blog

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Gincana Cultural de Belterra 2024

Divulgação @andresontuk.oficial

O tradicional evento de Belterra aconteceu nos dias 26 e 27 de julho de 2024.

As equipes Raça e Os Piratas competiram na quadra de eventos da Praça Brasil, e a vitória foi da equipe azul, que comemorou pelas ruas da cidade no dia 28 de julho, após a apuração dos resultados.

EQUIPE RAÇA CAMPEÃ 2024


As tarefas da gincana cultural foram entregues no dia 19/07/2024.



segunda-feira, 8 de julho de 2024

XIX Gincana Cultural de Belterra

 
Foto: ASCOM/PMB

  A Gincana Cultural de Belterra será realizada na quadra de eventos da Praça Brasil nos dias 26 e 27 de Julho com o tema "Belterra: 90 anos de História". O evento tem o objetivo de promover o resgate cultural e histórico da cidade de Belterra através das expressões artísticas dos belterrenses.

  A primeira tarefa "Doação de Sangue" foi apresentada durante a programação de aniversário da cidade. A equipe com maior número de doadores até às 20h do dia 26, primeiro dia da gincana, será a vencedora da tarefa.

Coordenadora do Setor de Captação de Doadores de Sangue do Hemocentro de Santarém, Rejane Dias (ASCOM/PMB)


  As outras tarefas serão sorteadas no dia 19 de julho, a partir das 19h, em um evento que dará início a gincana cultural.


De acordo com o regulamento, as tarefas obrigatórias da XIX Gincana são:
I - Porta Estandarte;
II - Rainha;
III - Momento Galera; e
IV - Lenda Amazônica.


Pesquisa e Texto: Míriam Sousa

Teatro da Escola Henry Ford

Diretora Zélia Braga com alunos em direção ao Teatro da Escola Henry Ford.

      A Companhia Ford projetou uma cidade empresarial com foco também na educação. A empresa trouxe muitos benefícios para os filhos dos trabalhadores de Belterra, com projetos idealizados pelos americanos envolvendo educação e lazer.

    Em 1941, durante uma solenidade em agradecimento às benfeitorias da Companhia Ford, em relação ao grau de instrução das crianças e  da dedicação do corpo docente do Grupo Escolar Henry Ford, os alunos da matéria "Língua Inglesa" apresentaram no Teatro da Escola a comédia "English is easy to learn", sob orientação do senhor Raimundo Alves Teixeira, e encerraram cantando o Hino Nacional Americano. O hino dos Estados Unidos era entoado em todas as solenidades de Belterra, inclusive nas inaugurações das escolas.

      Interior do Teatro da Escola Henry Ford (salão da escola Waldemar Maués)

       O Teatro da Escola Henry Ford era utilizado pelos alunos durante os eventos escolares. As apresentações eram diversificadas: bailados, diálogos, cançonetas e musicais faziam parte dos espetáculos criados para o entretenimento local.


HINO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Oh, say, can you see, by the dawn’s early light

What so proudly we hailed at the twilight’s lasted gleaming?

Whose broad stripes and bright stars, through the perilous fight,

O ‘er the ramparts we watched, were so gallantly streaming.

And the rockets` red glare, the bombs bursting in air,

Gave proof through the night that our flag was still there.

Oh, say, does that star-spangled banner yet wave

O’er the land of the free and the home of the brave?

 

On the shore dimly seen, through the mists of the deep,

Where the foe’s haughty host in dread silence reposes,

What is that which the breeze, o’er the towering steep,

As it fitfully blows, half conceals, half discloses?

Now it catches the gleam of the morning’s first beam,

In fully glory reflected, now shines on the stream:

‘Tis the star-spangled banner: oh, long may it wave

O’er the land of the free and the home of the brave.

 

And where is that band who so vauntingly swore

That the havoc of war and the battle’s confusion

A home and a country should leave us no more?

Their blood has vanished out their foul footstep’s pollution.

No refuge could save the hireling and slave

From the terror of flight, or the gloom of the grave:

And the star-spangled banner in triumph doth wave

O’er the land of the free and the home of the brave!

 

Oh, thus be it ever when freemen shall stand.

Between their loved home and the war’s desolation!

Blest with victory and peace, may the heaven-rescued land

Praise the Power that has made and preserved us a nation.

Then conquer we must, when our cause it is just.

And this be our motto: “In God is our trust”.

And the star-spangled banner in triumph shall wave

O’er the land of the free and the home of the brave.

 (Francis Scott Key)



Pesquisa e Texto: Míriam Lane Sousa

Blog Belterra do Tapajós

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Alberta – vila industrial de Henry Ford em Michigan, USA.

Alberta, vila industrial de Henry Ford, em 1938. (Coleção The Henry Ford)

    Alberta é uma vila industrial criada por Henry Ford em 1936, dois anos após a criação da vila de Belterra. A pequena cidade que está localizada no condado de Baraga, a oito milhas do sul de L'Anse, no estado americano de Michigan, na verdade não é uma cidade, mas uma vila corporativa, pois não foram construídas lojas, nem igrejas, nem serviços de correspondências, bancos, postos de gasolina e outros serviços que possam identificá-la como cidade. A população quando necessitava de serviço médico, compras para casa, ou algum serviço básico, se deslocavam para a cidade mais próxima que atendesse a necessidade.

Alberta (Coleção The Henry Ford)

    A Ford Motor Company tinha várias instalações na Península Superior de Michigan. Alberta fazia parte do programa "Village Industries", criado por Ford nas décadas de 20 e 30 com cerca de 30 pequenas fábricas de peças e ferramentas para usinas e barragens. Ford era fã de energia hidrelétrica que ele chamava de carvão branco. O objetivo de Ford era criar vilas industriais para suprir a necessidade de matéria-prima para sua empresa.

Alberta (Coleção The Henry Ford)

    A madeira era um dos principais materiais da época, assim como a borracha produzida em Belterra, para os automóveis Ford. Para que todo seu projeto fosse viabilizado por sua empresa, Ford construiu uma serraria em Alberta, doze casas para funcionários e duas escolas. E para abastecer o lugar com água, ele represou um rio para criar um pequeno lago.

Alberta (Coleção The Henry Ford)

    A serraria iniciou suas operações em 1º de setembro de 1936, com plena capacidade, e mais simples em relação a outras existentes em Michigan. A fábrica produzia 14.000 pés quadrados por dia de madeira dura e 20.000 pés quadrados por dia de madeira macia que era usada na fabricação de automóveis Ford. As primeiras madeiras produzidas foram usadas na construção das casas e escolas.

Alberta (Coleção The Henry Ford)

    O nome do lugar foi em homenagem a Alberta Johnson, filha de Fred Johnson que foi engenheiro-chefe da Ford Motor Company em toda a Península Superior de Michigan. Johnson, ao lado de Kingsford, administrou os 1.700 acres de terras florestais da Ford.

Henry Ford (ao centro), Edward Kingsford (à esquerda) e Fred Johnson (à direita) ao lado de crianças e moradores em Alberta, 1938. (Coleção The Henry Ford)

    Após a Segunda Guerra Mundial a empresa tinha pouca necessidade de produção da serraria de Alberta, e em 1947 o seu patrono Henry Ford faleceu, ocasiando poucas expectativas para a continuação do projeto.

    Em 30 de junho de 1954, a Ford Motor Company decidiu encerrar as atividades na cidade de Alberta, e cinco meses depois foi doada à Escola de Recursos Florestais e Ciências Ambientais (Universidade Tecnológica de Michigan), com toda a estrutura da serraria, casas e prédios comunitários.

Alberta (Coleção The Henry Ford)

    Atualmente é usada como Ford Forestry Center e Research Forest, como centro educacional para várias universidades dos Estados Unidos. A cidade abriga uma estação de pesquisa experimental, laboratório educacional, centro de aprendizagem da escola de Silvicultura e produtos de madeira.

Entrada do Ford Forestry Center e Research Forest.

Lago em Alberta, Michigan.

Vista aérea de Alberta.


Texto e pesquisa: Míriam Lane Sousa

Fontes de Pesquisa:

História Automotiva (hagerty)

Comunidades de Henry Ford (upmatters)



quarta-feira, 3 de julho de 2024

Escola Manoel Garcia de Paiva (Grupo Escolar Benson Ford)

Inauguração da Escola Benson Ford (Coleção The Henry Ford)

       A Escola Benson Ford foi inaugurada no dia 04 de julho de 1941, no mesmo dia da Independência dos Estados Unidos da América (USA).
    A construção da escola, no meio do seringal, foi projetada de forma diferenciada, sendo a mais estilosa de Belterra. A terceira escola construída pela Companhia Ford recebeu o nome do neto de Henry Ford, e filho de Edsel Ford.

Benson Ford em 1955. (neto de Henry Ford)

    Durante a solenidade foi entregue a chave da escola Benson Ford para a diretora das escolas de Belterra, Srª. Zélia Braga. (informação descrita em inglês no verso da foto original).

Prof. Zélia Braga no discurso de inauguração da escola Benson Ford.

Sala de aula da Escola Benson Ford (Coleção The Henry Ford)

Banheiro da Escola Benson Ford (Coleção The Henry Ford)

    O evento foi coordenado pela Professora Zélia Pinto de Sousa Braga e seu corpo docente formado pelas professoras Hélia Freitas, Joana Coen, Julia Coreteiro e Raimunda Frota Rola, conforme registro do livro de ocorrências da diretora.
     Localizada na Vila 129 (vila bode), atual bairro Santa Luzia, o Grupo Escolar Benson Ford acolheu alunos das escolas improvisadas que funcionavam na vila (bloco 129) e na Estrada 7.

Registro da Diretora Prof. Zélia Braga, em 1941.

Grupo Escolar Benson Ford em 1946. (Jornal A Manhã)

    Depois que Belterra voltou a ser propriedade do governo brasileiro, sob a direção da DEMA/PA (Delegacia Estadual do Ministério da Agricultura no Pará), na gestão de Waldemar Benassuly Maués, a charmosa escola passou a chamar-se Escola Manoel Garcia de Paiva, em homenagem ao primeiro administrador brasileiro da Companhia Ford Industrial do Brasil.

Manoel Garcia de Paiva (Foto Virginia de Sousa Paiva)

Manoel Garcia de Paiva
    Engenheiro agrônomo com especialização nos EUA, fluente em inglês, francês e espanhol, e conhecedor do latim. Mineiro de Belo Horizonte, chegou em Fordlândia no início dos anos 30, atraído pela demanda de trabalho da Companhia Ford, extinta em 1945, foi escolhido por Felisberto Camargo para ocupar o cargo de administrador brasileiro do acervo patrimonial transferido da Ford para a União, gerindo a partir daí as "Plantações Ford de Belterra e Fordlândia". Especializado em problemas de pessoal, sua primeira missão foi presidir uma comissão para reorganizar a tabela de trabalhos e salários.
    Devido sua responsabilidade no alto escalão da concessão Ford, sua residência foi fixada na Casa 3 da vila americana até 1950, quando encerrou sua jornada na administração das plantações e mudou-se para Belém do Pará.
    Em 1963, já aposentado, preferiu retornar para Belterra, fixando residência no Porto Novo, comunidade onde morou no início do projeto Ford. Anos mais tarde, 1967, vítima de insuficiência cardíaca, faleceu no hospital Henry Ford e foi sepultado no atual cemitério Santo Antônio.

Escola Manoel Garcia de Paiva, 2011. (Arquivo do Blog)

Escola Manoel Garcia de Paiva, 2011. (Arquivo do Blog)

Escola Manoel Garcia de Paiva, 2011. (Arquivo do Blog)

    A escola ficou abandonada por um período, mas, com a iniciativa dos próprios moradores da vila, o prédio histórico foi revitalizado para dar mais comodidade aos seus professores, alunos e toda equipe escolar.
    Em 2018, a prefeitura de Belterra, por meio da Secretaria de Educação, iniciou a recuperação do prédio da escola com o propósito de manter os aspectos originais do educandário, por ser um dos patrimônios históricos mais atraente da cidade. A reforma foi entregue em fevereiro de 2019 através de uma aula inaugural.

Reprodução ASCOM/PMB


Vista aérea da Escola Manoel Garcia de Paiva, 2021. (Foto Odenildo Brito)

    Atualmente os comunitários da vila 129 revitalizaram parte do prédio para dar espaço ao "Projeto Cine Kids", realizado na sexta-feira para as crianças do bairro.

Praça ao lado da Escola Manoel Garcia de Paiva, 2024. (Foto Odenildo Brito)

    O prédio da escola faz parte de um projeto da OSCIP AMABRASIL, ao qual irá denominar a escola como "Escola Internacional Sustentável". Trata-se de uma escola profissionalizante de nível técnico voltada para trabalhos da indústria de madeira, sendo também chamada de "Escola de Madeira".

Expectativa da obra (imagem e informações do projeto disponíveis no Portal de Investimentos do governo)

E.M.E.F. MANOEL GARCIA DE PAIVA
ENDEREÇO:
Estrada 06, Nº 1089, esquina com Travessa José Estevão.
Bairro Santa Luzia.
CEP: 68143-000
Belterra - Pará.


Pesquisa e Texto: Míriam Lane Sousa

sábado, 1 de junho de 2024

Sino da Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua

    A palavra sino tem origem do latim "signum", que significa sinal. Ele foi inventado na China há cerca de 4000 anos como um instrumento de percussão. O sino também era usado como meio de comunicação para marcar as horas e avisar os trabalhadores que o turno chegou ao fim. Feito em bronze, seu formato obcônico (vaso invertido) possui três partes: coroa, bacia e badalo. A bacia é a parte de metal que possui a forma obcônica, e sua parte inferior é chamada de boca. O tamanho de seu diâmetro que define a afinação em várias notas musicais, podendo produzir sons fortes, agudos e graves.

    Os sinos são sempre afinados em 5 harmônicas, conforme mostra a fotografia. Elas são: (N) a Nominal; (Q) a Quinta da nota fundamental; (T) a Terceira menor da nota fundamental; (F) a Fundamental, nota da primeira oitava inferior - ou abaixo; e (B) e o Bordão, nota da segunda oitava inferior - ou abaixo.

Dossiê Toque dos Sinos

    No catolicismo, os sinos começaram a ser usados no século V em mosteiros no sul da Itália, na região de Campânia. Por ser desse lugar, a palavra "campana" virou sinônimo de sino, ou campainha. Com o passar dos tempos, os sinos ficaram mais comuns nas torres de igrejas paroquiais e catedrais, se espalhando pela Europa e continente americano. Fabricados em metal, os mais modernos são fundidos em bronze e com ouro para sua afinação e potência. Os sinos são muito importantes para a Igreja Católica, pois seu ressoar desperta para louvor a Deus e à Nossa Senhora, que antes esses momentos litúrgicos eram feitos com matracas e trombetas. Cada sino recebe um nome de consagração quando é fabricado e posteriormente abençoado pelo Bispo com água benta.

Sineiro em 2017. (foto da internet)

    Em Belterra, a capela em louvor a Santo Antônio foi construída em 23 de junho de 1946, após os líderes religiosos serem permitidos evangelizar nas terras americanas da Companhia Ford, através dos padres que iniciaram suas caminhadas em 1937, dentre eles o alemão Frei Rogério Voges. Em janeiro de 1947, os sinos chegaram até a vila e no dia 21 de fevereiro aconteceu uma solenidade litúrgica especial sob liderança do Pároco Frei Tadeu Prost, que ao lado de Dom Anselmo Pietrulla, líder da Paróquia de Santarém, invocaram as bênçãos divinas sobre o novo templo e seus sinos recém-chegados à capela central, sendo tocado pela primeira vez anunciando a novena no dia 18 de março. O sineiro possuía um pequeno telhado para proteger a peça de bronze. O sino atual possui a marcação do ano 1951, o que leva a entender que foi substituído nesse ano.

Desmonte da Capela de Santo Antônio em 1953. (Arquivo Pe. Sidnei Canto)

    Aos domingos de manhã, o sino é acionado pelo sineiro responsável, escalado pela paróquia, para avisar o horário e chamar a comunidade católica para a santa missa. É um sino manual (puxado a corda) com contrapeso de madeira, e possui a escrita "SÃO FRANCISCO" e "IGREJA STO. ANTONIO - BELTERRA - PARÁ" na parte traseira, ao lado da corda, e na frente o desenho de uma cruz com as iniciais e números de identificação "OPVS 9337 1951".

Escritas no Sino, 2024. (Foto Éder Sousa).

    Essa informação descrita na bacia representa o ano de fabricação e a empresa responsável. Trata-se da empresa de fundição Sinos Samassa Ltda, do fundidor Alberto de Samassa que saiu da Itália e veio para o Brasil em 1937 com sua família, estabelecendo seu patrimônio em Sorocaba, interior de São Paulo. Desde então, passou a ser a maior empresa de fundição de sinos, por ter todo cuidado em relação a afinação e potência de cada campana fabricada.

Fábrica de Sinos Samassa (Acervo Antônio Valentim) Fonte: recordações sorocabanas

Sineiro da Igreja Matriz Santo Antônio de Pádua, 2024. (Foto Éder Sousa)

VOCABULÁRIO DOS SINOS

Campana: Sinônimo para sino ou campainha.

Campanário: Torre que possui sinos, também chamado de torre sineira.

Campanologia: Ciência que estuda a origem, história e fundição dos sinos. Constitui-se também na arte de tocar músicas em sinos, campainhas, ou copos.

Campanólogo: Todo aquele que se dedica à campanologia.

Carrilhão: A presença de mais de um sino no campanário já se constitui em um carrilhão.

Carrilhão musical: Conjunto de vários sinos com notas musicais distintas onde se pode tocar qualquer música.

Carrilhonista: Músico que toca carrilhões.

Sineira: É a janela da torre, a janela do campanário onde os sinos ficam suspensos e por onde seus sons são propagados.

Sineiro: É o profissional dos sinos, que pode atuar como fabricante, restaurador, fazer a manutenção ou mesmo tocá-los.


Pesquisa e texto: Míriam Sousa

Fontes de Pesquisa:

Relatos do jornalista Oti Santos

Blog Pe. Sidney Canto

Sinos e Campanários: A História dos Sinos

Dossiê Toque dos Sinos


sexta-feira, 31 de maio de 2024

História da Igreja Matriz de Belterra

Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua - Belterra/Pará (Foto Mizael Santos)

    A Companhia Ford criou uma pequena cidade americana na Amazônia em 1934, com diversas construções para abrigar e servir seus funcionários. Entretanto, a aceitação de cultos religiosos só foi permitida após uma conversa entre Henry Ford e o Cardeal Mooney, em Detroit - EUA. Após explicar que o Brasil era um país predominantemente católico, o dono da Ford permitiu a evangelização no local e, em 1943, começaram as expedições religiosas pelas comunidades do Tapajós, incluindo Belterra e Fordlândia, antes realizadas clandestinamente. Nesse ano chegaram os primeiros líderes católicos: Frei Rogério Voges e Frei Severino Nelles.
Parte da área disponibilizada pela Companhia Ford.

    Os administradores americanos cederam uma área em frente ao campo de golfe (atual praça Brasil) para as construções católicas. Em 1944, foi erguido o primeiro mosteiro de Belterra, com ajuda dos líderes franciscanos, e sob responsabilidade do mestre de obras Francisco de Paula Correa (presidente da associação dos construtores da Matriz), priorizando o convento e seguindo com a capela. A casa católica erguida em estilo sobrado (altos) foi toda construída em madeira (beneficiada na serraria), e ficava ao lado esquerdo da área destinada à futura capela, no mesmo local da atual casa dos padres. Anos mais tarde virou o Convento das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo.
Casa dos Frades Franciscanos em 1950. (Arquivo Pe. Sidney Canto)

Capela de Santo Antonio, casa dos padres e o antigo coreto em madeira. (Arquivo do Blog)

    A construção da primeira Capela em Louvor a Santo Antônio (e segunda erguida em Belterra), iniciou em 1945 e foi inaugurada no dia 23 de junho de 1946 pelo líder católico da Prelazia de Santarém Monsenhor Anselmo Pietrulla. A missa de domingo foi concelebrada pelo Frei Rogério Voges e o vigário anfitrião Frei Severino Nelles, assim como a presença de Frei Feliciano e Frei Marcos Peterek.
Capela em 1950 e 1953. (Arquivo Pe. Sidney Canto)

    A Capela foi toda construída em madeira de lei, de frente para a área da futura praça na esquina com a vila mensalista, e ao seu lado foi colocado um sineiro em concreto (o mesmo da atual igreja). A celebração marcou as festividades do santo padroeiro de Belterra e se estendeu até a véspera do dia de São João.
Interior da Capela. (Arquivo do Blog)

Congregação Mariana e Frei Osmundo Menges, OFM, em frente a antiga igreja, 1950. (Foto Pe. Sidney Canto)

    No dia 26 de setembro de 1954, foi erguido um grande Cruzeiro pelos membros da igreja na área da praça, em frente à Capela, como marco comemorativo das Santas Missões Populares, sendo substituído em 1971.
Cruzeiro erguido em 1954. (Foto Pe. Sidney Canto)

    No início de 1956, a Capela de Santo Antônio foi desmontada para dar lugar a nova construção em blocos de concreto, e suas madeiras foram destinadas para a estrutura da escola paroquial. O início das obras da Igreja Matriz foi coordenada pelo pároco Frei Raimundo Crone, OFM, e o mestre de obras Waldo Ramos, que saiu de Fordlândia para cumprir esse desafio. Anualmente a igreja é revitalizada para as festividades do santo padroeiro. Enquanto a obra era erguida, as missas dominicais eram realizadas no salão paroquial (também construído em madeira), e retornando para a matriz recém-construída em novembro de 1959, celebrada por Frei Raimundo.
Desmonte da Capela. Ao lado do sineiro, blocos de concreto para a nova construção. (Foto Pe. Sidney Canto)

Antigo Salão Paroquial em madeira. (Arquivo Pe. Sidney Canto)

    No ano 2000, a igreja Matriz teve uma grande mudança em sua estética. A reforma do templo foi realizada com alteração da cor original, que por mais de quarenta anos foi na cor cinza, tonalidade do concreto, e nesse ano foi pintada na cor verde de várias tonalidades. Segundo Frei Alexandre Dowey, essa cor foi escolhida em respeito às pinturas tradicionais de Belterra e inspirada nas lições sobre o meio ambiente desenvolvidas pela Conferência das Nações Unidas, conhecida como ECO-92, realizada no Rio de Janeiro.
Igreja Matriz com pintura antiga. (arquivo do Blog)

Igreja Matriz no ano 2000.

    Em 2017, o Padre José Ronaldo Brito, pároco de Belterra, elaborou um grande projeto de reforma para a Matriz, incluindo a construção do forro que a igreja nunca teve, revitalização da pintura externa nas cores verde e branca, e personalização interna com símbolos tradicionais católicos e das comunidades belterrenses. No dia 21 de outubro aconteceu a pré-inauguração da reforma com apresentações culturais do Grupo de Teatro Atores de Deus (O milagre de Santo Antonio do Sacrário e a mula) , Orquestra de Violões de Belterra (músicas religiosas) e Orquestra Filarmônica de Santarém (músicas clássicas), com celebração presidida pelo Pároco da Matriz.
Igreja Matriz em fase de acabamento, 2017.

    No dia 29 de outubro de 2017, a Celebração Eucarística presidida pelo Bispo da Diocese Dom Flávio Giovenalle marcou a inauguração da reforma da Matriz de Santo Antônio de Pádua, que ao lado do mentor do projeto, Padre José Ronaldo Brito, fez o rito de Dedicação da Igreja e Sagração do Altar, espalhando grande alegria na comunidade católica que também colaborou direta e indiretamente para que o templo fosse reformado preservando sua história e grandiosidade.
Missa solene da inauguração da reforma da Matriz, em 2017. (Foto Oti Santos)

Missa solene da inauguração da reforma da Matriz, em 2017. (Foto Antenor Gentil)

    Em julho de 2018, a frente da Matriz ganhou a estátua do santo casamenteiro, adquirida durante a caravana de Santo Antônio realizada pela região nordeste do país.
Pe. José Ronaldo Brito apresentando a estátua. Ao lado a imagem do Vitral da Igreja (arquivo do blog)

Igreja Matriz de manhã, final de tarde e a noite. (Fotos Mirasselva Sousa)

    Ainda como parte do projeto de reforma da Matriz, idealizado pelo Padre José Ronaldo Brito, está a construção da Capela Mortuária, erguida atrás do templo, mas teve suas obras paralisadas após sua brusca partida, em 2021. A obra continua em 2024 sob nova direção.
Início da construção da Capela Mortuária em 2019. (arquivo do blog)

Igreja Matriz com imagens de Odenildo Brito @belterra_vista_de_cima

Pesquisa e texto: Míriam Sousa

Fontes de Pesquisa:

Livro "Belterra, sua história" do jornalista Oti Santos

Blog Pe. Sidney Canto

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